Obesidade e Nutrição
Combate à obesidade é uma das principais formas de prevenir doenças hepáticas
Entre as doenças hepáticas, ou seja, as que acometem o fígado, as hepatites possuem a maior incidência entre os brasileiros. Porém, outro problema vem crescendo exponencialmente e preocupando os especialistas: a esteatose hepática, conhecida popularmente como gordura no fígado. A América Latina registrou um aumento de 39,2% no número de adolescentes com esteatose hepática, segundo a Associação Americana para Estudo de Doenças do Fígado.
O assunto é debatido no novo episódio do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista“, que será exibido neste sábado (26). Nele, o Dr. Roberto Kalil recebe Alberto Farias, professor de Gastroenterologia e Hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Luiz Carneiro D’Albuquerque, cirurgião do aparelho digestivo e especialista em transplantes.
“Existem formas de esteatose que são genéticas. Mas existe a questão do peso, dos fatores de risco que são o diabetes, o álcool, o colesterol elevado. Algumas doenças genéticas e até alguns medicamentos podem, como efeito colateral, levar ao acúmulo de gordura no fígado”, afirma Farias.
De acordo com os especialistas, o sedentarismo e, sobretudo, a epidemia da obesidade no mundo tem levado a um aumento dos casos de esteatose hepática.
Se não descoberta e tratada logo, a doença pode evoluir para uma fibrose no fígado, prejudicando as funções do órgão e aumentando o risco de necessidade de transplante.
“O transplante de fígado tem um lugar muito especial no país hoje. O Brasil é o maior serviço público de transplantes e nós temos um avanço muito grande”, diz Carneiro. Para ele, com os exames preventivos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), as coberturas vacinais para as hepatites, ao lado do sistema de transplantes, estão ajudando a formar uma cadeia completa para prevenção e tratamento de doenças hepáticas na rede pública.
Como funciona o sistema de transplante?
Ao longo do programa, o cirurgião explica como funciona o sistema de transplantes de fígado. “Os tipos sanguíneos mais comuns têm que esperar entre seis meses e um ano. Mas a depender da doença, você ganha uma situação especial, que pode fazer com que esse tempo diminua”, afirma.
No caso do transplante de fígado, existe, ainda, a possibilidade de receber um pedaço do órgão de um doador vivo. Isso porque o fígado possui capacidade de regeneração.
“Nós temos doadores que doaram há mais de 25 anos, e têm uma vida absolutamente normal. O fígado recupera 100%. Nós temos receptores vivos que receberam o fígado há quase 30 anos”, explica Carneiro.
Prevenção de doenças hepáticas
Para prevenir doenças hepáticas, uma série de medidas é importante. O combate à obesidade é uma das formas de evitar complicações no fígado, já que a doença é o principal fator de risco para a gordura no fígado.
Diante disso, medidas para tratamento da obesidade são fundamentais. Canetas emagrecedoras e novos medicamentos para perda de peso surgem como possibilidades para tratar, também, casos de esteatose.
“As medicações são, sem dúvida, um avanço, porque permitem a redução de peso e, com isso, o controle da obesidade, que é o principal fator de risco. Mas o grande avanço é que hoje temos medicamentos que também regridem à fibrose do fígado, que é o processo que leva até a cirrose”, explica Farias.
Por outro lado, é importante evitar a automedicação e o uso de remédios sem indicação médica, o que também aumenta o risco para doenças hepáticas.
“E não são só os medicamentos, a gente tem uma grande preocupação com o uso de chás medicinais. Muitas vezes eles podem induzir a uma hepatite fulminante que destrói o fígado”, afirma Carneiro.
“O grande problema é o controle fitossanitário, a origem desses produtos. Muitas pessoas acreditam que, por ser de origem natural, não faz mal. Mas o fato é que existem inúmeros casos no Brasil de doença hepática que foram provocadas pelo consumo desses produtos ditos naturais”, complementa Farias.
Fonte: cnnbrasil.com.br/saude/
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