Transtornos Mentais
Além da tristeza: especialistas alertam para outros sintomas da depressão
A depressão é considerada uma das doenças mais incapacitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser um dos fatores relacionados ao maior risco de suicídio. Por isso, durante o mês de setembro, é realizado o Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre saúde mental e prevenção do suicídio.
Para falar sobre o tema, Dr. Roberto Kalil recebe os psiquiatras Beny Lafer e Guilherme Polanczyk no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (7). No programa, os convidados dissertam sobre o aumento de casos em crianças e adolescentes e alertam para sintomas da doença que vão além da tristeza.
Alteração de apetite, de sono, dificuldades de concentração e pensamentos de morte são alguns dos sinais de alerta da depressão. Além disso, os especialistas ressaltam que é importante observar a duração dos sintomas para diferenciar depressão de uma tristeza pontual.
“Um episódio depressivo pode durar seis, nove, doze meses, se não for tratado. E não necessariamente a pessoa fica quietinha no seu canto. Isso pode acontecer, mas a gente tem depressão com muita ansiedade, depressão com muita agitação. Existem vários tipos de depressão que têm esses sintomas, mas entre um paciente e outro pode variar muito”, explica Lafer, que é professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Depressão está crescendo entre os jovens
“A depressão, em todos os levantamentos e publicações feitos pela OMS, sempre está entre as três doenças que causam maior incapacitação no mundo inteiro. Está relacionada à incapacitação das pessoas para o trabalho, para a vida acadêmica, para a vida familiar. O impacto na saúde pública, na economia e na vida das pessoas é gigantesco”, afirma Lafer. “É uma doença muito recorrente. As pessoas que têm uma depressão, 80% delas vão ter várias depressões ao longo da vida”.
Segundo o médico, as mulheres são mais afetadas do que os homens. Mas o aumento da incidência entre jovens é preocupante. Polanczyk, especialista em crianças e adolescentes, explica que o recorte de idade é significativo.
“As estimativas são de que em torno de 1% das crianças antes da puberdade tenham depressão. Mas a partir da puberdade, a depressão começa a ser mais frequente. A incidência aumenta, e aumenta particularmente nas meninas”, afirma Polanczyk.
Segundo o especialista, nessa fase, o diagnóstico correto pode ser desafiador. “A depressão na infância e na adolescência se caracteriza por essa alteração de humor – tristeza, falta de prazer – mas, muito frequentemente, por irritabilidade. Então, muitas vezes, ela não é bem diagnosticada. Você tem, eventualmente, uma criança mais irritável, mais ansiosa, com queixas físicas. Na adolescência, você tem também um adolescente mais irritado, com muitas brigas com a família, com amigos, queda do rendimento escolar e não aparece a tristeza tão clara”, descreve.
Como buscar ajuda?
Os psiquiatras destacam a importância de procurar ajuda, já que a doença aumenta o risco para suicídio. “A depressão está associada a um risco de mortalidade por suicídio cinco vezes maior do que nas pessoas que não têm depressão”, afirma Lafer.
O tratamento da depressão inclui, além da psicoterapia, o que os especialistas chamam de “psicoeducação”. “A gente fala: ‘olha, teu parente está doente, ele tem esse sintoma. Veja que na família tem outros casos, olha o risco de suicídio, olha os impactos, que ele não está mais conseguindo ir à escola, não está mais conseguindo trabalhar’”, exemplifica Lafer. “Então, você tem que trazer a família como sua aliada e tentar quebrar esses estigmas que existem na nossa sociedade”, completa.
Os especialistas também alertam para a importância de conscientizar a população de que a depressão é uma doença e que, frequentemente, o paciente não consegue buscar ajuda sozinho. “Muitas vezes, há essas ideias de que a pessoa que está deprimida não tentou, não está se esforçando o suficiente, ou ideias de menos valor, de que ela não é competente, de que ela frustra a família”, explica Polanczyk.
Para buscar ajuda, além de marcar consultas com psicólogo e psiquiatra, é possível solicitar apoio ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e serviço de prevenção ao suicídio, de forma gratuita e sigilosa. O atendimento pode ser feito pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia e sem custo de ligação, chat, e-mail e em postos presenciais.
Fonte: cnnbrasil.com.br/saude
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