Transtornos Neurológicos
Podemos Prever Quão Rápido o Declínio Cognitivo Ocorre com o Alzheimer Precoce?
Um novo estudo da Academia Americana de Neurologia investiga a velocidade do declínio cognitivo em pessoas com Alzheimer precoce. A pesquisa, publicada na revista Neurology em julho de 2024, também examina como novos medicamentos recentemente aprovados podem retardar esse processo.
Contexto e Objetivos do Estudo
A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa que causa a deterioração progressiva das habilidades cognitivas e de memória. Identificar a taxa de declínio cognitivo é crucial para ajudar pacientes e cuidadores a planejar o futuro e entender o progresso da doença.
O Dr. Pieter J. van der Veere, do Centro Médico da Universidade de Amsterdã, liderou o estudo que desenvolveu modelos preditivos para avaliar a rapidez com que as pontuações dos testes cognitivos das pessoas diminuiriam. “A taxa de declínio cognitivo varia muito de pessoa para pessoa, e as pessoas estão muito interessadas no que esperar da doença em si mesmas ou em seus entes queridos. Melhores modelos de previsão são urgentemente necessários”, disse van der Veere.
Metodologia do Estudo sobre Declínio Cognitivo
Os pesquisadores estudaram 961 pessoas com uma idade média de 65 anos. Entre os participantes, 310 tinham comprometimento cognitivo leve e 651 tinham demência leve. Todos os participantes apresentavam placas de beta-amiloide no cérebro, um sinal precoce da doença de Alzheimer e alvo dos novos medicamentos.
Para medir o declínio cognitivo, foi utilizado um teste com pontuações que variam de 0 a 30. Pontuações acima de 25 indicam ausência de demência, enquanto pontuações abaixo de 10 indicam demência grave. Os participantes com comprometimento cognitivo leve apresentaram uma diminuição média da pontuação de 26,4 para 21,0 em cinco anos. Aqueles com demência leve viram suas pontuações caírem de 22,4 para 7,8 no mesmo período.
Resultados e Implicações
Os modelos desenvolvidos foram eficazes para prever a taxa de declínio cognitivo. Para metade das pessoas com comprometimento cognitivo leve, as pontuações reais diferiram em menos de dois pontos das pontuações previstas. Entre os pacientes com demência leve, a diferença foi de menos de três pontos para metade dos indivíduos.
Uma simulação no estudo mostrou que um tratamento que reduzisse a taxa de declínio em 30% poderia prolongar o tempo antes que uma pessoa com comprometimento cognitivo leve atingisse o estágio de demência moderada de seis para 8,6 anos.
Van der Veere destacou a importância dessas previsões: “Entendemos que as pessoas com problemas cognitivos e seus cuidadores estão mais interessados em respostas para perguntas como ‘Por quanto tempo posso dirigir um carro?’ ou ‘Por quanto tempo posso continuar fazendo meu hobby?’ No futuro, esperamos que os modelos ajudem a fazer previsões sobre essas questões de qualidade de vida e funcionamento diário.”
Limitações e Considerações Finais
Uma limitação do estudo foi que os testes cognitivos nem sempre foram administrados no mesmo horário do dia, e a pontuação pode variar dependendo do nível de cansaço dos participantes. Apesar disso, os resultados oferecem uma visão valiosa sobre a progressão do Alzheimer precoce e como novos tratamentos podem ajudar a retardar o declínio cognitivo.
Referência
Academia Americana de Neurologia
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