Obesidade e Nutrição
Nova pílula queima gordura com paciente em repouso
Um novo medicamento para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade — com início das pesquisas em Fase 2 (testes de eficácia terapêutica em seres humanos) anunciado para dezembro de 2025 — apresenta um mecanismo terapêutico “de sonho”: não aumenta a insulina, não força o pâncreas e não interfere no funcionamento do estômago.
Administrado sob forma de comprimido, o chamado ATR-258 não mexe no sistema digestivo nem no apetite, como os famosos Ozempic e Mounjaro, mas leva sua ação diretamente para o músculo esquelético, estimulando esse tecido a consumir mais glicose (açúcar) e gordura.
Isso significa que, ao ingerir o medicamento oral, o paciente entra em um estado semelhante ao de exercício físico, mesmo estando em repouso total. Outro diferencial apontado nos testes iniciais foi preservar a massa magra, algo que os agonistas de GLP-1, como a semaglutida, não o fazem.
O estudo, publicado em setembro na revista Cell por pesquisadores do Instituto Karolinska e da Universidade de Estocolmo, ambos na Suécia, explica que o ATR-258 inaugura uma nova geração de medicamentos metabólicos, baseados na sinalização seletiva em células musculares: os agonistas enviesados.
Na prática, essa característica (chamada de biased agonism no estudo em inglês) quer dizer que o novo fármaco ativa somente algumas das vias internas de um receptor celular — as responsáveis pelos efeitos benéficos —, mas evita ativar aquelas rotas que causam efeitos colaterais indesejados, como a taquicardia.
Concebido a partir de uma pesquisa colaborativa entre a empresa Atrogi AB, o Instituto Karolinska, a Universidade de Estocolmo e outras instituições acadêmicas, o ATR-258 vai totalmente na contramão dos antidiabéticos e emagrecedores da moda, pois foca no metabolismo muscular em vez do apetite.
Enquanto Ozempic e Mounjaro imitam hormônios intestinais — como GLP-1 e GIP —, reduzindo a fome e liberando mais insulina no sangue, o ATR-258 simula parte dos efeitos do exercício físico e faz com que o músculo absorva e queime mais glicose, ajudando a reduzir os níveis de açúcar no sangue.
O medicamento se baseou em um conceito biológico já estudado anteriormente pela mesma equipe. Como as células possuem um “botão” principal (o receptor β2-adrenérgico) que dispara várias vias de sinalização ao mesmo tempo, o grande problema era que os cientistas focavam em duas delas (proteínas G e β-arrestina), mas ignoravam a via GRK2.
Para baixar a glicose, os remédios antigos ativavam esse receptor indiscriminadamente, ligando um “combo indesejado”: melhoravam o açúcar (via GRK2), mas também aceleravam o coração (via proteína Gs/AMPc) e faziam o corpo parar de responder ao remédio rapidamente (via β-arrestina).
Por isso, a equipe da Atrogi AB desenvolveu o ATR-258, uma molécula química cuja estrutura foi ajustada átomo por átomo para que ela se encaixasse perfeitamente no receptor, priorizando a ativação do metabolismo celular (GRK2), sem acionar a via que faz o coração disparar.
Uma das grandes descobertas do estudo — a combinação do ATR-258 com a liraglutida (um agonista do GLP-1) — ocorreu já nos testes pré-clínicos com camundongos. Os roedores submetidos a essa combinação perderam gordura corporal sem perder músculos.
O ensaio clínico de Fase 1 — destinado a avaliar a segurança, efeitos colaterais, dose segura e como o corpo processa o medicamento — envolveu 48 voluntários saudáveis e 25 indivíduos com diabetes tipo 2. Os dados iniciais mostraram um perfil de segurança favorável em seres humanos.
A Atrogi AB planeja realizar a Fase 2 ainda este ano, embora a data exata aguarde confirmação oficial. O teste busca validar, em um grupo ampliado, se os benefícios metabólicos e a proteção muscular observados em animais se repetirão de forma efetiva em pacientes humanos com diabetes tipo 2 e obesidade.
Em um comunicado, o pesquisador sênior do estudo, Tore Bengtsson, da Universidade de Estocolmo, afirma: “Podemos melhorar a saúde metabólica sem perder massa muscular. Os músculos são importantes tanto no diabetes tipo 2 quanto na obesidade, e a massa muscular também está diretamente correlacionada com a expectativa de vida”.
Se aprovado nas próximas fases, o ATR-258 pode representar uma virada de chave na forma como tratamos o diabetes tipo 2 e a obesidade. Além de ser uma alternativa oral aos tratamentos injetáveis, ele pode ser combinado com agonistas de GLP-1 para reduzir peso preservando músculo, e potencialmente tratar doenças como sarcopenia e distrofias musculares.
Fonte: cnnbraasil.com.br/saude/
![]()
Continue Lendo e Compartilhando!
Gostou desta matéria? Continue acompanhando nosso blog para mais conteúdos sobre saúde e bem-estar. Não se esqueça de compartilhar com as pessoas que você mais ama!
Estamos também no INSTAGRAM e no TIKTOK. Siga-nos para ficar por dentro das últimas novidades e dicas de saúde!
Leia mais conteúdos como este: saaudee.com
-
Transtornos Neurológicos2 anos atrásTecnologia e inovação no tratamento de transtornos neurológicos
-
Maio8 meses atrásCordel: “Maio Amarelo – Ato Pela Vida no Trânsito”
-
Extras1 ano atrásUPA: Você sabe o que precisa sobre a Unidade de Pronto Atendimento
-
Abril9 meses atrásCordel: “02/04 – Teia de Cores do Autismo”
-
Paródias da Semana2 anos atrásDescobrindo a “paródia alimentação saudável”
-
Paródias da Semana4 semanas atrásA paródia “Dengue”: Uma ferramenta divertida de conscientização!
-
Transtornos Neurológicos1 ano atrásDescobrindo a linguagem do autismo: Como falar sobre o assunto
-
Transtornos Neurológicos2 anos atrásAvanços recentes no tratamento de transtornos neurológicos
